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Artigo - Fidelidade e traição

16/01/2021 10:46 | 8 min de leitura
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General Girão (*)
15 de janeiro de 2021

As eleições de 2018 — que culminaram com a vitória do Presidente Bolsonaro e de muitos que o apoiaram — ficaram marcadas pelo ineditismo e por uma clara tentativa de mudança de determinadas práticas eleitorais pouco republicanas que, desde sempre, contaminam as relações político-partidárias brasileiras. Na ocasião, fomos acolhidos pelo PSL que, até então, era muito pouco expressivo e dotado de baixa representatividade. O resultado é que, na onda Bolsonaro, o PSL passou a ser o maior partido da Câmara, com 53 Deputados Federais.

Todavia, já nas ações preliminares para o início da legislatura, em janeiro de 2019, fomos surpreendidos por ações pouco democráticas por parte da direção do PSL que, sem consultar os parlamentares, indicou o líder na Câmara e designou os integrantes das comissões. Muitas outras ações e decisões de caráter autocrático foram empreendidas nos meses seguintes, em especial no que se refere às prestações de contas e às destinações do fundo partidário. Ressalto que, após nossa ponderação, houve a inserção de prestações de contas na página do Partido.

Lamentavelmente, diversos Deputados do PSL que haviam sido eleitos para representar nossos princípios na Câmara, em apoio ao Presidente Bolsonaro, seguiram a cúpula do Partido e passaram a atuar de modo inverso, deixando cair as máscaras da traição. Com isso, entramos em uma espiral de contenciosos que levou à saída do Presidente da República e ao lançamento do processo de criação do Aliança pelo Brasil, como o primeiro Partido verdadeiramente conservador, em nosso País.

Nessa mesma linha, em dezembro de 2019 entramos com um processo de desfiliação partidária por justa causa, na Justiça Eleitoral, tendo em vista o completo afastamento, por parte da cúpula do PSL, dos ideais conservadores responsáveis pela eleição da totalidade dos atuais Deputados Federais.

Contudo, em fevereiro de 2020, numa atitude nitidamente ditatorial, o Conselho de Ética do PSL, totalmente dominado pela cúpula do Partido, suspendeu por 12 meses os Deputados fiéis aos eleitores e ao Presidente Bolsonaro — dentre os quais me incluo — por “infidelidade partidária”. Essa suspensão não teve consequências maiores porque, devido à pandemia, as Comissões parlamentares não funcionaram e nada impediu as votações em plenária.

Todavia, em 09 de dezembro passado, sem qualquer consulta aos integrantes do Partido, a direção firmou compromisso público com o PSDB, o DEM, o MDB, o Cidadania e o PV, com vistas às eleições para a Mesa da Câmara, em 1o de fevereiro próximo. Ato contínuo, esse grupo teve a adesão oficial de praticamente todos os partidos de esquerda: PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede. Vale dizer que o PSL, no momento, está aliado aos partidos que levaram o País ao caos, em níveis de corrupção e incompetência jamais vistos em nossa história. Uma completa traição aos nossos eleitores, que a nós confiaram a tarefa de passar o Brasil a limpo.

Imediatamente, começamos a nos articular para impedir que nossos nomes fossem associados a mais esse ato de vilania política. Assim, em 07 de janeiro, protocolamos documento assinado por 32 Deputados do PSL — ou seja, maioria absoluta — expondo nosso posicionamento contrário e em apoio ao Deputado Arthur Lira, que já se comprometeu com nossa pauta conservadora, pelo bem do Brasil e pelo fortalecimento da Câmara dos Deputados. Entendemos, por uma questão de reciprocidade que, uma vez que a cúpula do Partido formou o bloco de 09 de dezembro de 2020 sem nos consultar, também não haveria problemas em nossa livre manifestação. Afinal, tratou-se mais de um esclarecimento à sociedade e aos nossos eleitores, uma vez que o voto é individual, secreto e, portanto, não está oficialmente sujeito às orientações partidárias.

Mas, para surpresa nossa, estamos sendo agora submetidos a um processo de expulsão do Partido, pelo mesmo Conselho de Ética, sob a falsa alegação de “infidelidade partidária”. Como assim? Quem foi infiel a quem? Eu e os outros 19 Deputados — que estão sendo julgados e provavelmente expulsos — não mudamos em nada nossos princípios e valores, e estamos sendo absolutamente fiéis aos nossos eleitores. Neste caso, não restam dúvidas que foram nossos algozes que mudaram de lado e, fazendo uso de suas prerrogativas, trabalham para minar o Governo Federal, prejudicar a recuperação do Brasil, nesse momento tão complicado, e entregar o poder para a nefasta esquerda, que tanto mal vem causando à nossa sofrida população.

Mas nossos cidadãos não se deixam enganar. Assim como ignoraram, nas eleições municipais, alguns Deputados traidores que se lançaram candidatos, nossos eleitores saberão alijar da vida pública, em 2022, todos os que traíram nossos ideais conservadores e hoje estão alinhados com o que há de pior na vida pública nacional.

(*) Deputado federal pelo Rio Grande do Norte.